quarta-feira, 19 de junho de 2013

Literatura & Cinema: O Menino do Pijama Listrado - John Boyne

Sinopse: Bruno tem nove anos e não sabe nada sobre o Holocausto e a Solução Final contra os Judeus. Também não faz ideia de que seu país está em guerra com boa parte da Europa, e muito menos de que sua família está envolvida no conflito. Na verdade, Bruno sabe apenas que foi obrigado a abandonar a espaçosa casa em que vivia em Berlim e mudar-se para uma região desolada, onde ele não tem ninguém para brincar nem nada para fazer. Da janela do quarto, Bruno pode ver uma cerca, e, para além dela, centenas de pessoas de pijama, que sempre o deixam com um frio na barriga. Em uma de suas andanças Bruno conhece Shmuel, um garoto do outro lado da cerca que curiosamente nasceu no mesmo dia que ele. Conforme a amizade dos dois se intensifica, Bruno vai aos poucos tentando elucidar o mistério que ronda as atividades de seu pai. "O Menino do Pijama Listrado" é uma fábula sobre amizade em tempos de guerra, e sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável.

"(...) prossegui em minha busca, 
pois havia visto uma mancha do outro lado da cerca, 
achei que era uma miragem mais não desisti, 
fui me aproximando e aquilo foi tomando forma, 
essa forma se transformou em um vulto, 
que se transformou em um menino."

O Menino do Pijama Listrado mostra do ponto de vista de uma criança os horrores da Segunda Guerra Mundial no interior da Alemanha. Escrito em apenas dois dias, John Boyne criou um livro curto, simples, totalmente memorável, com uma leitura inocente mas com uma carga emocional intensa, que te faz pensar na obra por horas a fio.
"Bruno é um garoto de apenas nove anos que vive em seu próprio mundo feliz e ignora o que se passa ao seu redor, mas não consegue esconder a tristeza e revolta com a sua repentina partida de Berlim, na qual levava uma vida aconchegante e com amigos que podia brincar, a uma nova casa em uma lugar tão distante  - Haja Vista -, frio e sem vida, e pior, sem amigos. Bruno sabe apenas que está lá por causa do trabalho de seu pai e que tudo começou com a misteriosa visita do Fúria, quando fora jantar na casa dele
No início Bruno reclama muito, não consegue gostar do lugar, principalmente por ter sempre perto a sua irmã Gretel, a qual adora chamá-la de Caso Perdido, pois ela vive incomodando a sua vida.
Mas como toda a criança, Bruno começa a se acostumar sua nova casa, principalmente ao colocar a sua brincadeira favorita em ação, o de explorador.
Ele decide que é hora de descobrir o mundo que o rodeia e acaba indo parar no lugar que vê através da janela de seu quarto, onde todos os homens e meninos andam com uma roupa listrada, e lá ele acaba conhecendo do outro lado da cerca um menino da mesma idade que ele - Shmuel, e trava uma sincera, ingênua e pura amizade com o garoto, sem se darem conta que estão passando por tempos de guerra. E que essa amizade irá transformar a existência de ambos para sempre."
A tragédia protagonizada pelos nazistas Alemães ganha um ponto de vista mais inocente, mas não menos dramática, intensa e triste. É esse olhar inocente de uma criança que atenua as atrocidades cometidas pelos seguidores de Hitler. O foco da leitura não é o que acontece com os judeus, e sim na trajetória da vida de Bruno e de sua família, tendo como pano de fundo o Holocausto.

Alguns  personagens são apresentados, mas vagamente explorados, eles estão presentes na história, mas também fazem parte do plano de fundo ao que acontece com Bruno, acredito que seja porque o ponto central é valorizar a visão de mundo que tem Bruno e amizade que acontece quando ele encontra Shmuel, já que logo depois a história passa a ser focada em ambos. Pois ambos vivem em mundos totalmente diferentes, a amizade espontânea entre eles é o elemento mais importante da obra de Boyne.
A escrita fácil e seus momentos de reflexão, estão presentes em toda a obra. Alguns podem não entender a alienação de Bruno, mas a inocência de uma criança na época da Segunda Guerra era uma inocência diferente da realidade atual, e nessa inocência que o livro foca, uma época em que momentos difíceis não eram explicados para uma criança, uma época em que criança, só queria brincar e ser feliz, ter amigos e nada mais

O menino do Pijama Listrado é uma obra diferente, original, delicada e poética. Repleta de um certo lirismo, lirismo esse que transmite uma pureza de fazer chorar, chorar por tudo o que se foi... chorar pelo que acontece... chorar por adultos que fazem grandes atrocidades (tanto no passado como no agora)... e traz um final surpreendente e que comove, comove de uma maneira que é difícil de ser explicada.. nostálgica até... de uma saudade de um tempo que não volta mais... de uma saudade daquilo que era e não será jamais

O filme
Ficha Técnica
Título Original: The Boy in the Striped Pajamas
Origem: EUA, Reino Unido
Gênero: Drama
Direção: Mark Herman
Elenco: Amber Beattie, Asa Butterfield, Cara Horgan, David Heyman, David Thewlis, Gábor Szebényi, Iván Verebély, Jack Scanlon, Jim Norton, Richard Johnson, Rupert Friend, Sheila Hancock, Vera Farmiga

Esse é uma das poucas histórias em que  o livro é quase uma parceria entre filme, o livro conta toda a história de Bruno apenas do ponto de vista dele, o que pode deixar um certo "buraco" em alguns detalhes. Já o filme é mostrado de vários ângulos do enrendo, o que acaba esclarecendo vários detalhes que não há no livro. 

O filme adaptado para o cinema pelo diretor Mark Herman, soube conciliar muito bem o Holocausto vivido na Alemanha ao surgimento de uma amizade verdadeira e desprovida de interesses entre um judeu e um alemão, algo que era terminantemente proibido na época.
A sutileza e a simplicidade que o tema é abordado, extraídos fielmente do livro, interpretada por dois atores mirins de uma maneira tão real e perfeita, com certeza garantiu ao ao filme por muitas vezes a posição de um dos melhores filmes do ano de 2008.
Assim como o livro, o filme leva o espectador a uma intensa reflexão sobre o que a história quer passar, uma mistura de sentimentalismo a uma época repleta de dor, sofrimento e atrocidades, torna o filme - que fala sobre algo tão brutal ocorrido na Segunda Guerra - tão singular e até mesmo original em relação a vários filmes que retrata o mesmo tema.
O maior mérito, assim como o livro, é o seu final trágico, transmitidos de uma forma tão intensa, que o sentimento de perda vai tomando conta de uma maneira tão forte,  que as lágrimas ameaçam cair e traz uma dor.. uma dor que pode durar um bom tempo e faz a gente pensar... pensar muito.
Tanto o livro quanto o filme mostra sentimentos fortes, mas cada um são transmitidos de uma forma diferente.. a intensidade de ambos é a mesma, mas a maneira de sentir é outra... Com certeza pra quem nunca viu filme, ou leu o livro, é uma obra que não deve ser deixada de lado!

13 comentários :

  1. Oi, Kézia!

    Não tive coragem de ler esse livro. Sabia que iria 'chorar a cântaros' e sofrer muito, sentir muito a história. Pura covardia.

    Acabai por assistir o filme e concordo com o que escrevestes: "é uma obra que não deve ser deixada de lado!"

    Um beijo

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  2. Esse filme/livro é maravilhoso
    Muito emocionante

    Beijos
    @pocketlibro
    http://pocketlibro.blogspot.com.br

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  3. Ei Kézia

    Eu nem sei se chorei mais no livro ou no filme, lembro que eu desidratei. É muito triste!
    E engraçado que quando comecei o livro eu nem esperava algo tão trágico no final, lindo demais.
    O filme também ficou ótimo, eu gostei muito da adaptação.
    bjs

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  4. Não sou muito fã de livros que se passem na Segunda Guerra Mundial, então acho que tanto o livro quanto o filme não seriam boas pedidas para mim. Apesar disso, pelos comentários que ouço, esse livro parece ser uma verdadeira obra prima. :)
    Beeeijos

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  5. Eu amei tanto o livro como o filme. A história é maravilhosa e não tem como não se emocionar. Dou uma preferencia pelo livro, pois adoro os títulos dos capítulos. Falando nisso preciso reler.

    http://blogprefacio.blogspot.com.br/

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  6. Ele escreveu em apenas dois dias, Kézia? Uauuu!

    Não li o livro, mas assisti ao filme e achei muito bom! Apesar de eu não curtir muito essas histórias de judeus x nazistas...

    Beijos!!

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  7. Olá Kézia,

    Li e resenhei esse livro no blog e gostei demais...um dos meus autores favoritos....o que mais impressiona nesse livro além da história é que foi escrito em dois dias e meio.....abraços.

    http://devoradordeletras.blogspot.com.br

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  8. Vi o filme, mas não li o livro. Confesso que esperava tanto do filme que acabei me decepcionando. Achei bom, bonito, mas esperava algo tão incrível que me decepcionei. Pretendo assistir de novo, depois que ler o livro. acredito que vou mudar minha maneira de pensar.

    Fiquei chocada ao saber que o autor levou dois dias pra escrever o livro.

    Beijos,
    Carissa
    www.carissavieira.com

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  9. Ainda não tive a oportunidade de conhecer essa história, mas por gostar do tema tratado, e pela quantidade de elogios, tenho muito interesse. O que mais me surpreende é o tempo que o autor levou para escrever o livro e ainda assim conseguir surpreender positivamente.
    Realmente espero ter a oportunidade de ler, e posteriormente assistir ao filme, principalmente por saber que é uma boa adaptação, o que raramente acontece.

    Beijos
    Ricardo - www.blogovershock.com.br

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  10. Oi, Kézia!

    Eu vi apenas o filme, e, só por ele, leria o livro. O filme é maravilhoso, chocante e extremamente tocante. Eu adoro livros que se passam nesse período, por mais doloroso e triste que seja ler sobre isso.

    Ótima indicação!

    Beijos,
    Inara
    http://www.lerdormircomer.com.br/

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  11. Oi flor,
    Tudo??Quanto tempo...a vida anda numa correria so...entao nunca li esse livro vergonha minha mas fiquei muito curiosa agora ainda mais sabendo que vai sair filme...rsrs...vou anotar a dica
    Bjsss
    Raquel Machado
    Leitura Kriativa
    http://leiturakriativa.blogspot.com/

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  12. Oi Kézia o mais marcante nessa história é sem dúvida o final. Não cheguei a assistir ao filme, mas consegui o livro emprestado e fui me surpreendendo página após página. Uma história forte e bem realista sobre os horrores da guerra.

    Beijos
    Caline - Mundo de Papel

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  13. Oi Kézia, eu já li o livro e me emocionei demais!! Aliás, td o que é relacionado a guerras emociona :(
    Mas até hj nao tive coragem de assistir ao filme... vou chorar mto :( e ficar angustiada..

    Beeijão :*

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